sexta-feira, 12 de setembro de 2014

LIVRAMENTO - SEGUE A POLÊMICA


Caro formador de opinião, Ruy Gessinger,

 

    Á base dessa polêmica há um sofisma ou erro clamoroso de direito: afirmar que justiça é igualdade simples. Ao contrário disso, ela é igualdade complexa. Consiste em tratar de forma igual (igualdade) os iguais e de forma desigual (desigualdade) os desiguais. Tratar de forma igual os desiguais (isto é, introduzir casais heterossexuais e pares homossexuais na mesma instituição do casamento) é injusto. Injustiça distributiva. Mas é o que o Judiciário Nacional continua a forçar, e a fazer, ultrapassando os limites suas funções, e à revelia do nosso bom direito. Decerto, esse direito (constitucional e infraconstitucional) é cheio de "preconceito medieval", de "moralismo cristão superado", aquém do "admirável mundo novo" a que é preciso adequar-se... "E a nave vai..." Para onde?

    Um abraço.

    José Nedel
( Nedel é Magistrado, jurista, filósofo, escritor)

...............................................
Caro  Ruy

Peço permissão para fazer minhas as suas sábias colocações.

Precisa fazer casamento gay em CTG?  Usos e costumes devem ser respeitados.

Porque não marcou o casamento (sic) na praça pública da cidade?

Abraço a todos.

Eliceu Werner Scherer
Advogado - santa cruz do Sul
...........................................
 

Prezado Ruy !

 

Tens toda a razão. Aliás, ontem, conversando sobre isso lá em casa, minha filha que me visitava, com o sexto neto, que fazia um mês, dizia que achava que a Juiza tinha razão e não via nada demais. Hoje no almoço ela me disse que pensou bem e que realmente é uma barbaridade. Com o que concordo. Acho que infelizmente essa juiza perdeu um pouco a serenidade que um magistrado deve ter, a meu juizo (que é serenar e resolver conflitos), e, movida não sei porque (espero que com boas intenções e que apenas não se deu conta da repercussão do seu ato), praticamente está patrocinando ese affaire que só vai trazer mais coisas ruins para  a imagem de Livramento e do Rio Grande do Sul. Hoje de manhã o jornal já dizia que a Ministra Ideli Salvatti vai se despencar de Brasilia para assistir a cerimonia (provavelmente dará as bênçãos necessárias ao ato). Que um secretário ou secretária de estado daqui também vai. Será um circo....

 

Ora, eu não sou contra a união civil entre pessos do mesmo sexo, até porque não adiante ser contra, pois o Supremo já encerrou essa questão com uma decisão. O que me parece faltar no caso é o famoso " se liga..." O fato, que vai acontecer,  não vai trazer nada em benefício de ninguém. Ao contrário, vai servir para acirrar ânimos e dividir uma comunidade pacífica, que vive bem (a gente que é do interior sabe como é isso) e que a partir de agora vão ter de se preocupar com mais essas bobagens (repito, não a união civil em si, mas com a repercussão).

 

Casem-se, juntem-se, amiguem-se. Façam o que quiserem. Mas para que afrontar ? Aliás, sem querer pré julgar, mas ouvi do presidente do Movimento Tradicionalista  Gaúcho que o refeferido CTG não é nem filiado ao Movimento. Leio que seu presidente é político com mandato de vereador, o que não o diminui, mas deixa a gente com a pulga atrás da orelha.

 

Se eu morasse em Livramento, teria reunido umas trinta pessoas, faria uma arrecadação e alugaria um salão bonito para fazer essa cerimônia.Convidaria toda a cidade e bem provavelmente iria um montão de gente, o que deixaria muito feliz todos os participantes. Mas não, tinha que ser num CTG.

Parece que realmente mais importante para alguns é criar um fato politico do propriamente juntar legalmente os dois (ou as duas).

Um abraço

 

Hermes Dutra

 
.....................................................

Ruy,

                Bem o dizes. Acrescento, respeitando as opiniões em contrário: juiz não pode buscar notoriedade e sim credibilidade perante uma comunidade. A MM. sabia, naturalmente, ou bem poderia avaliar da repercussão de sua decisão. Hoje está sob os holofotes, mesmo que esta não tenha sido sua pretensão. Alcançou os tais conhecidos 15 minutos de fama, como se diz popularmente. É preciso ter sensibilidade quando se atinge tradições, mexe-se com o emocional das pessoas, como ocorre, por exemplo,  em campos de futebol. Realizar um casamento coletivo em CTG, tudo bem, nada de mais. Veja, todavia, que segundo a rádio Gaúcha, no programa Sala de Redação de hoje, nada mais nada menos do que seis instituições, ao saberem de que haveria casamento entre casal (is) homoafetivo(s), desistiram de franquear suas dependências. Um permaneceu e teve-as queimadas, fruto, provavelmente, de incêndio criminoso, temendo-se por maiores consequências no próximo sábado, porquanto a MM. manteve seu propósito de realizá-lo no alvitrado CTG. Hoje está sob escolta, protegida, com brigada armada na porta de seu gabinete, segundo o relato, e provavelmente em sua morada. É o preço quando se mexe com tradições. Da mesma forma, penso que faltou sensibilidade quando menino Bernardo, de 11 anos, foi pedir socorro junto ao foro. Deu no que deu. Devemos sempre honrar e dignificar a magistratura, em particular, o Ministério Público, os Conselhos Tutelares, enfim, os poderes constituídos, mas os detentores de poder, humanos que são, também erram e devem ter a grandeza de reavaliarem suas decisões, não esperando que somente instâncias superiores o façam.
LUIZ AUGUSTO BECK
ADVOGADO , PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, ESCRITOR