terça-feira, 4 de novembro de 2014

BELA CRÔNICA DE IVAN SAUL QUE MORA NO PARANÁ





Estimados Confrades, meu líder Ruy.

"Rumbeando a Pelotas" [Dedico ao nosso grande amigo Elmar Hadler].

Ainda outro dia, eu rumava à Pelotas depois de larga ausência, por via rodoviária (os horários dos aviões não sempre obedecem minha conveniência), desde o Cristal - onde despertei dum cochilo assoleado que começou em Eldorado, ex-futura terra do Ford Ecosport - dos campos do Cristal em diante, já não pude dormir, devorava com mirada ávida os horizontes largos dos campos de arroz.

É que, morando no topo da serra, ando acostumado a olhar perto, da porta de casa meu horizonte dista uns 100 metros - a estrada que nos serve é o divisor de águas - olhando em outras direções, os arvoredos e matos encolhem ainda mais meus horizontes e do meio do campo,no ponto mais alto, vejo os cumes da Serra do Mar que não estão, assim, tão distantes.

Tenho, pra admirar, quando não está muito nublado [50% dos dias em São José nos outros 50 o sol esturrica], céus belíssimos, nasceres e pores de sol espetaculares, tudo ali, 'onde as éguas mijam'...

Viajando pra Pelotas, como dizia, e apreciando o entardecer, a hora predileta do dia do Ruyzão, aquela que o poeta que habita o seu peito gosta de referir em castelhano - atardecer - eu sentia uma, como que, angústia. Uma crescente nostalgia dos tempos, dos campos, dos céus que me viram nascer e crescer, que me viram virar homem e hão de acolher minhas cinzas em futuro muito, mas muito, mas muito remoto.

Que linda é a planície com as serranias ao longe, os gados, as terras trabalhadas, tudo grande, amplo, aberto! Ah, coração velho... uma tardinha, um cavalo e estes campos! Vejam os bandos de maçaricos e marrecas, e marrecões, e as garças, rumando ao pouso... Que lindo é voltar pra casa!

Passo por São Lourenço onde a estrada chega mais perto da serra, ou a serra aperta a 116 pra perto da Lagoa; vocês que andaram pelos outros continentes, me digam se o bom Deus, haverá posto aguada melhor em outro lugar do mundo?!

Já no pago, na minha Pelotas natal, sobre a barragem, me brota uma lágrima. Mirando meio que Oeste, onde minhas memórias vislumbram o Cerro das Almas, no Capão do Leão, bem ali onde o sol vai se afundando nas terras da Santa Amélia onde o Hadler é muito mais feliz do que imagina!



Onde os tais carneiros da viagem acidentada foram viver - alheios à minha inveja - assistindo impassíveis este espetáculo do cotidiano...

Abraço-os fraternalmente... Ivan Saul